sexta-feira, 10 de abril de 2009

pequenos contos trágicos

bom, esse post vai ser para resgatar meus microcontos do antigo fotolog... espero que gostem^^




1-
sabe quando você está embaixo d'água, nadando de olhos abertos, vendo as coisas sob um prisma diferente? as coisas parecem muito naturais nesse caso, não é? e é agradável ver o mundo de uma forma diferente da que você se acostumou a ver...

certa vez, a garota estava nadando. a terra firme ainda lhe atraía, com suas belezas, mas ela já estava cansada, pois em terra firme que lhe ocorriam todos os sofrimentos. enquanto nadava, ficava completamente maravilhada com aquele mundo novo, tão belo e tão sereno, que parecia que jamais a feriria. ela se sentia unificada com a água e toda a paisagem, como se tudo que ela procurara até então houvesse finalmente surgido diante de si.

então, como se guiada por um a luz divina, ela teve uma idéia: já que o mundo ao ar livre me fere tanto, fico no submerso e alcanço minha felicidade. então prendeu seus pés numa formação rochosa para não voltar para a superfície e esperou até se unir completamente com o oceano.

o ar começou à rarear, mas ela achou que era apenas questão de tempo até que pudesse respirar como um peixe, afinal o mar não queria que ela sofresse.

mais e mais o ar lhe faltava, e ela começava à sentir-se fraca e tonta, mas mantinha-se firme em seu propósito. 'a água não pode me ferir, a água não pode me ferir, a água não quer me ferir!' - pensava ela... pobre garota...

semanas depois foi encontrado seu corpo boiando em alto-mar, carcomido pelos peixes...


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2-o rouxinol queria amar, mas não lhe era permitido.
tinha alguém em vista, já podia até sentir o afeto invadindo-lhe sorrateiramente o coração, mas não podia amar quem desejava.
era uma pequena flor, um tanto descorada por conta das tempestades e do tempo, cheia de espinhos venenosos, mas ainda assim, bela.
o rouxinol ainda cantava, mesmo alquebrado e com as asas feridas. cantava somente para sentir-se vivo, e mais tarde, para que aquela flor pudesse ouví-lo, mesmo que ele não pudesse amá-la.
certo dia, um viajante, ao ver as lágrimas tristes do rouxinol, perguntou-lhe por que lhe era proibido amar, e o rouxinol lhe respondeu: já há outro de minha espécie junto à mim, e esse outro ama-me. não posso ferí-lo, como já o fiz à mim. vê minhas chagas? como poderia eu desejá-las à outrém? além do mais, há outro motivo. vê aquela flor que eu gostaria de amar? vê que ela é tão triste quanto eu, e tão maltratada pelo mundo?ambos estamos tristes demais, já passamos por coisas demais para que me fosse permitido amá-la. se o tempo não houvesse passado, e ainda fossemos puros, eu poderia amá-la, com um amor tão perfeito como aqueles de livros antigos... mas é tarde demais, e à mim só resta observá-la murchar e murchar também, ao lado de quem me ama.
então o viajante calou-se, por ver que não havia mais resposta para o pobre rouxinol, e decidiu ir procurar seu amor enquanto o tempo e o mundo não haviam-lhe tornado tão infeliz e ferido...

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3-tinha um arco-íris do outro lado da rua...
tinham gotas de chuva...
e tinha uma menininha...
ela brincava com as gotas de chuva, e em seu rosto o reflexo sem cor do arco-íris, pois ela sorria...
e ela foi até o arco-íris e começou a escala-lo... sempre mais e mais alto ela ia, e mais e mais longe de tudo que conhecera até então... e ela escorregou pelo arco-íris e chegou à um lindo lugar onde tudo era feito de cristal multicolor... mas ela escorregou, bateu a cabeça em um cristal e morreu, sujando para sempre de sangue aquele lugar perfeito...

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4-a noite caiu, fria e escura sobre a cidade poluída e insensível.
os vapores do álcool subiam para a mente, como a névoa azulada de um cigarro.
a menina perdida sentia-se mal, por tudo que já fizera, e por sentir-se tão só em meio à multidão...
era tola e fazia coisas das quais não gostava, então por que fazia? era algo que nem ela entendia... mas aquele colosso de pecados e erros passados a perseguia e assombrava...
ela não merecia as doces horas que passava naquele bosque de sakuras, mas pereceria se não tivesse aquele refúgio...
e então ela chegou ao bosque, e adormeceu, certa de sua segurança, e não tornou a acordar jamais.

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5- e então a chuva caiu, generosa, sobre aqueles campos outrora verdejantes, que já ganhavam tons dourados, pela longa seca que os castigara.
caía suave e simultaneamente impetuosa, dando seu brilho de cristal à tudo que tocava.
e em meio ao campo, aqueles dois corpos, unidos por um abraço cálido, beijando-se sob a tormenta...
os corpos umidos e quentes enlaçados, água escorrendo por suas carnes jovens e apaixonadas, o lirísmo de toda aquela cena...
foi mais ou menos aí que caiu um raio, e como na campina eles eram o ponto mais alto, o raio foi atraído por eles e eles foram fritos...
não houve velório e os caixões foram selados...não era uma bela coisa de se ver...

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6-
o urso entrou na casa...
aquele cheiro de lar, de comida quentinha, de carinho familiar o irritava
então ele começou a quebrar tudo...
e como aqueles móveis e aqueles vidros e cristais pareciam ínfimos e insignificantes ante sua ira e força!
e ele quebrou, e quebrou, até que sua ira estivesse satisfeita.
...
mas então chegou a família.
o pai, um caçador de renome por aquelas bandas.
a mãe, uma descendente da aristocracia do lugar, rica fútil e "fresca".
a criança, uma menininha estúpida como os pais, rosada e roliça... daria um ótimo petisco, se bem assada e acompanhada por um bom vinho do Porto...
... e a ira do urso retornou com força, uma força que ele sequer sabia existir.
e ele dilacerou primeiro a face horrorizada da mãe, coberta de pó de arroz e perfumes franceses, conservando para sempre as mandíbulas abertas, ilustrando seu pasmo.
depois ele fatiou com suas garras afiadas, a carne macia e rósea da criancinha mimada.
o pai, consternado, tentou atirar no urso, mas não atingiu nem o coração, nem a face.
então o urso arrancou seu crânio com uma só patada.
depois jogou os corpos no rio, onde os crocodilos devoraram o banquete, agradecidos.
o urso passou a morar na casa (depois de limpar os restos dos antigos moradores) e lá viveu até morrer de velhice.
MORAL DA HISTÓRIA: quem disse que o crime não compensa????

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7- a criança olhou a neve lá fora.
teve ansias de prová-la. já que a neve caía das nuvens e as nuvens eram de algodão doce, a neve devia ser o resquício desse algodão doce...
ela saiu até a neve, com seus pézinhos descalços e sua camisolinha leve de chita.
estava adoentada, tinha um ínicio de pneumonia.
mamãe tinha saído, precisava trabalhar para pagar-lhe os remédios.
ela estava só. e correu para a neve.
a princípio, ela gostou da sensação geladinha em seus pés e do vento gélido em seu rosto.
e continuou correndo, em direção à negra floresta de grandes carvalhos.
ela brincava na neve,jogando-a para cima e sujando seus cabelos ruivos de branco, achando tudo engraçadíssimo, inclusive o chiado que começava a ressonar em seu peito infante.
a noite começou a cair, e o frio começou a incomodar-lhe, mas ela se perdera e não conseguia mais achar sua casa.
o sono começou a perturbá-la, e ela deitou-se e adormeceu.
quando acordou, havia muitas crianças como ela, mas elas brilhavam e tinham argênteas asas... e a menininha foi feliz para sempre...

[já a mãe dela, quando chegou em casa e não encontrou sua única filha, desesperou-se. e quando lhe touxeram na manhã seguinte o corpinho azulado e gélido da pequena, fez questão de ficar só, metendo uma bala na cabeça e passando a eternidade num lugar gelado e escuro, chorando pela criança que sequer recordava-se dela]

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outra hora eu posto o resto... é tudo, por hoje^^
(e estou trabalhando no "o libertino e a prostituta", em breve terão a parte II e III, aguardem^^)

domingo, 5 de abril de 2009

Saudações e algo mais

Meus cumprimentos a todos ilustres escritores presentes aqui!
Meu nome? Isso não importa, nem minha idade, cidade, ou coisa do gênero.
Aqui vai um texto meu para que assim me conheçam de verdade.

Revoada

As pernas brancas da garota e suas coxas ingênuas apertavam sua cabeça, enquanto o rosto lhe fazia cócegas na virilha com a barba recém chegada. Os lábios do jovem de longos cabelos abocanhavam com delicadeza o íntimo da garota ofegante. Num ritmo desritmado, sua língua dançava valsas e outras danças. Inebriado pelo vinho íntimo que lhe escorria pela boca e lhe ensopava a fronte, alternava seu percurso e lhe beijava os pés e a barriga, num ritmo preguiçoso e concentrado.
Os pequenos pés da garota se balançavam no ar, como pássaros numa eterna e confusa revoada. As unhas, vestidas de vermelho, faziam desenhos nos ombros do jovem, enquanto que, com a outra mão, puxava e empurrava-o com os dedos enroscados em seus cabelos.
Soltou curtos resgungos de prazer quando foi mordida levemente na ponta rosada dos seios e logo depois quis afogar-se no beijo mole, escorregadio e profundo que lhe atacou a boca, devagar. Exausta, perdeu-se de seus limites enquanto as línguas travavam uma batalha justa, onde jamais haveria de ter um vencedor.
As pernas bambas se entregaram ao frio chão de azulejos, que agora parecia quente. Ficaram ali, olhando um ao outro, com braços entrelaçados em uma cúpula de intimidade verdadeira. Falaram bobagens e deram risadas sinceras. Com muito esforço levantaram-se e acabaram de tomar o banho e com esforço muito maior foram embora.

sábado, 4 de abril de 2009

A vida sob uma mira é tão mais bela.

Àí vai um texto, obviamente influenciado pela minha vida atual. Espero que tirem algo interessante dele.




Ele estava fatigado. Total e puramente. As dificuldades, o trabalho massacrante, as agitações na faculdade que o impediam de estudar o que amava. Diga-se de passagem a única coisa que realmente amava. Tudo isso o havia sobrecarregado a um ponto que ele sabia que não era saudável.
Respirou fundo, sentindo os volumes metálicos dentro da mochila. Sabia que aquilo era só para se sentir melhor, caso ocorresse algo violento durante as inacabáveis manifestações se sentiria mais seguro. Poderia barganhar , usando o medo. Há!Quem ele queria enganar, nunca fizera mal a uma mosca e, provavelmente , não começaria agora.
Prosseguiu na caminhada (afinal os ônibus internos da faculdade não funcionavam durante os protestos), chegando finalmente À área onde suas aulas eram ministradas. E viu, sem surpresa alguma mas com muito desgosto, pessoas com camisetas padronizadas e placas ans mãos e um indivíduo com um microfone dizendo:

"... e esses burgueses reacionários vão ter de nos ouvir! Nós faremos greve enquanto for necessário, até que eles nos ouçam! Não vamos permiter que ninguém entre nas salas hoje, pois temos de nos unir! Os estudantes deste país têm o poder e nós.."
Ele se desligou por um instante.Seria possível que dessa vez eles fossem impedir que ele subisse para a sala? Ele decidiu tentar e ver no que dava.

Ao chegar na frente da rampa já sentiu so olhares ao seu redor e rapidamente foi cercado, iniciou-se o diálogo.

" Não , companheiro, o senhor não vai subir pra sala. Nós vamos ganhar, essa greve será vitorioso"
"Escutem, essas greves raramente ganham algo de verdade. Deixem eu subir pra sala, por favor."
"Não, não, venha, vamos conversar, Junte-e à causa. Nós temos de..."

"A , esquece. Vocês ficam agitando toda essa merda e esses ideias estúpidas e eu não tenho mais saco pra ouvir"

Ao se afastar ele sentiu que eles viriam a ele para tirar satisfações, mas estava calmo, ainda.

"Escuta aqui , seu burguesinho de merda, disseram enquanto apontavam o tênis que ele havia pago em 5 vezes no cartão às custas de muito esforço.Você não vai ofender nosso movimento e noss ideias- diziam enquanto cuspiam em seu rosto e um deles o empurrava. Ou nós te mostraremos a força (o brutamontes com boné personalizado que o empurrava fazendo cara de cachorro louco) da causa sindical e é melhor você se desculpar antes que gente resolva engrossar.

Ele apenas se afastou enquanto eles riam de sua "covardia" e mexeu um pouco na mochila, de cabeça baixa. E então ele voltou ostentando a Glock 380 segura firme nas duas mãos, desferindo três tiros no peito do líder deles.
Em seguida prosseguiu antes que alguém entendesse direito, derrubou mais quatro membros do grupo enquanto os outros corriam.

Então ele guardou a arma e subiu a rampa, calmamente e foi procurar o professor, que estava com cara de confuso e notou a expressão de pesar na face do aluno.
Ele, por fim, entregou a monografia e deu um sorriso para o professor.
Agora faltaria muito pouco para ele conluir o curso. Mas estava tudo acabado , mesmo.


Desceu as escadas, tirou o pente da arma, desengatilhou-a e aguardou a polícia chegar, sentado num canto e lendo sua leitura obrigatória pra próxima aula, que nunca chegaria a assistir. Ao menos talvez os próximos alunos tivessem uma greve a menos.

Here i am

Boa tarde, venho me apresentar, finalmente. Não tenho muio a dizer ao meu respeito, leiam o que escrevo e concluam o que quiserem, fico À disposição para esclarecer dúvidas sobre os textos, também.

Um cordial "sejam bem-vindos ao nosso jogo" para todos