segunda-feira, 9 de abril de 2012

Centro da cidade e Bukowski...

fracassados invariavelmente gostam de bebida. ou, pelo menos, os fracassados com os quais estou familiarizada. e eu gosto de bebida. além de ser um fracasso de ser humano.
os tempos passam, as cidades são diferentes, mas as coisas são sempre iguais... o mundo cheira a podridão e todos voltam as costas à miséria alheia. nem para poetisa sirvo, afinal, que poetisa não tem nem mesmo um papel e uma caneta para escrever???

sexta-feira, 28 de maio de 2010

suicide by love.

a cerveja desce sem resistência alguma, nem da gravidade, nem do organismo que a ingere.
as cervejas seguintes seguem a primeira, já que perceberam que jornada não oferecia riscos.
mas o álcool não faz o efeito esperado, a tristeza não ameniza, o sono não chega... como sobreviver à perda do amor de sua vida?
ele não faz idéia de como dói, nem mesmo imagina que dilacerou minh'alma e a jogou aos ratos; não consegue apreender como mudou meu universo, minha forma de viver, e depois de ter deixado tudo de ponta-cabeça, abandonou -me à própria sorte, para digerir a idéia de que ele não vai nunca mudar, e que não há como eu mudar tanto a ponto de conseguir conviver com ele, afinal eu deixaria de ser eu mesma...

...

embriagada, ela se aproxima da janela, ainda um tanto hesitante. sobe lentamente no peitoril e então se lança à queda-livre.
a brisa noturna, gélida, envolve carinhosamente seu corpo enquanto o chão se aproxima cada vez mais rápido. e então... o esquecimento.

domingo, 8 de novembro de 2009

Sacrifícios urbanos

Linha Vemelha do metrô, 19h30 da noite, sexta-feira. Não consigo parar de pensar no cansaço, nos desaforos e sapos engolidos no trabalho, no salário de merda, no fora que aquela vagabunda que eu tanto amo me deu ontem.Deus, como eu queria não sentir tanto a falta dela!Mas como sinto!
É... creio que é melhor parar de divagar e descer as escadas, afinal, se demorar chego mais tarde em casa. Aí algum filho-da-puta vai me assaltar e eu terei de me virar para tirar todos os documentos de novo, as pessoas em casa vão me chamar de imprudente e minha mãe vai voltar a me tratar como se eu tivesse 14 anos de novo. Bem que eu queria ainda ter essa idade.
Estou cansado! Cansado desse lugar lotado, cansado dessa merda de rotina, cansado de ficar reclamando mentalmente todo dia como agora.
Tudo que eu queria era algo que me fizesse não ter de levantar amanhã e cumprir aquelas obrigações domésticas ridículas. A, se eu fosse um cara mais inteligente, mais criativo... poderia bolar um meio mirabolante de subir na vida, de me tornar um desses engravatados ricos e poderosos que se levantam no horário que querem.
Sabe que a faixa amarela no chão da estação numa hora dessas parece até um marco de competição? ainda mais assim de perto...
"As pessoas que estavam na plataforma antes do ocorrido disseram que um rapaz de mochila, que deveria ter em torno de 25 anos, tomou impulso e se arremessou na frente do metrô. Uma das testemunhas jura ter visto um sorriso quase infantil no rosto do rapaz no momento do pulo, o que nos leva a deduzir uso de drogas. A linha vermelha sentido Corinthians-Itaquera ficou paralisada por quase 40 minutos atrasando a viagem de muitas pessoas na volta para casa."
E o comentário maior foi: Cacete! Que cara egoísta, se matar bem na hora do rush!

Trilha sonora: Chico Buarque-Construção

Voltando a postar, gente, hope you like it.

sábado, 27 de junho de 2009

psicopata apaixonada

eu te amo.
e você nem me dá bola...
não importa, eu ainda te amo do mesmo jeito.
mesmo que você seja idiota, prepotente, insensível, estúpido, asqueroso e sem um pingo de bom-senso. além de feio. é, eu sei disso tudo. bem demais, aliás. mas fazer o quê? amo e ponto.
por que você não diz alguma coisa? ah, é verdade, esqueci que te deixei amordaçado. mas é melhor assim, você não me interrompe.
sabe, eu sei que também não sou lá essas coisas. sei que você consegue arranjar fácil uma gostosa boa de cama.sabe-se lá como, mas você arranja. mas mesmo assim! eu não sou tão feia e gorda assim, sem contar que sou muito mais inteligente e culta que 90% das garotas que você conheceu ou ainda vai conhecer na vida. e ainda por cima, eu te amo e te suporto, coisa que eu duvido muito que você ache outra doida-varrida que possa dizer o mesmo.
porra! eu aturo tuas crises de mal-humor homérico, tuas bebedeiras infindáveis, tuas zilhões de histórias de putarias e tua personalidade intragável. e ainda cuido de você sempre que você precisa, ainda te procuro toda vez que você simplesmente se esquece de mim! quem mais, sinceramente, faria isso tudo por você? afinal, voce consegue ser mais bizarro, inconstante e um fracasso de ser humano do que eu!
ah, qual é... sem resmungos, ok? eu não quero discutir, por isso tive a precaução de te amordaçar e imobilizar. então não disperdice meus esforços sendo o mala ranzinza que você é.
sua conduta em relação á mim é totalmente inaceitável, sabia? ninguém que tivesse coragem de chamar a si mesmo de homem, agiria assim. você nunca deu valor à nada do que fiz por você. nem quando eu tentei ajudá-lo a reerguer-se e tornar-se alguém melhor nem quando eu simplesmente desisti e aceitei seus defeitos. como você ainda tem coragem de olhar-se no espelho todas as manhãs?
enfim, apesar dos pesares, eu te amo. e você definitivamente deveria sentir-se grato por isso. mas nããããão... muito pelo contrário! você resolveu simplesmente me apagar da sua vida e seguir em frente, apaixonando-se levianamente por outra qualquer, como se eu nunca tivesse existido, como se você não tivesse desfrutado da minha carne menos de duas semanas antes. infelizmente, para você, é claro; eu não vou aceitar isso tão facilmente, baby. quando eu terminar, você nunca mais vai poder fugir de mim.
mas eu queria entender por que você me deixou... será que agora você já entendeu a dádiva, o milagre que é o fato de eu ter aparecido na sua vida e querer permanecer nela? ah, faça-me o favor, eu estava disposta a CASAR com você, a GERAR O FILHO que voc~e tanto quis e você simplesmente me descarta, como uma camisinha usada? deffinitivamente, você não é tão inteligente quanto eu achava...
mas deixemos de divagações e voltemos ao que interessa. você nunca mais vai poder fugir de mim, sabe por quê? porque eu te amo tanto que vou perpetrar o maior ato de amor possível.
a propósito, você viu que lindas facas eu comprei? e esse cutelo então, não é genial? veja como brilham... não é legal? comprei especialmente por sua causa, para essa ocasião especial... você mesmo não faria melhor, admita.
ah, e tambem consegui emprestados quatro cães enormes, que estão para ser sacrificados por raiva. eles me parecem famintos... coitadinhos...
está vendo? mesmo contra a sua vontade, você vai acabar fazendo uma boa ação! tenho certeza de queeles ficarão felizes e te dividir comigo, antes de morrerem.
que hora para tocar o telefone, hein? fiquei quietinho, bem paradinho aí que eu já volto... hahaha, como se você pudesse não me obedecer nesse momento...
...
ah, era um convite para sair, mais tarde... como você já disse que não liga, aceitei... e você vai junto, então não tem problema... daqui por diante, você sempre vai estar comigo...
nossa, não é incrível como sua carne não resiste nem um pouquinho em ser cortada pelas minhas novas facas? acho que vou comer bife por umas boas duas semanas... ora, não se preocupe, eu vou congelá-los, você não vai apodrecer até lá...e eu sei que não sou muito fã de vísceras nem nada do gênero, mas sei coração eu faço questão de comer hoje, assim como o cérebro. e tirando isso e as pernas, que estou cortando agora, o restou eu dou aos adoráveis cãezinhos lá fora.
você nem imagina como foi fácil consegui-los, a gente encontra cada contato pela internet!
ei! não desmaia não! eu quero que você veja enquanto eu abro seu peito para tirar seu coração, quero que sinta a intensidade do meu amor por você... mas você não vai aguentar até lá, então...[barulho da silvertape sendo arrancada] um último beijo... nossa, o sangue está jorrando da sua boca... adeus, meu amor... logo você viverá em mim para sempre...



[escrevi esse conto há quase um mês atrás, mas estava com ciúmes dele e não queria postá-lo, mas enfim, aqui está, espero que gostem^^]

domingo, 14 de junho de 2009

207 [Parte 1 de 3]

Assim como cadáveres ressecados clamando ao imenso destino e tempo que desfizesse logo seus corpos podres e já sem vida, as árvores se curvavam para aquela ínfima estrada de terra por onde passava Abbey, como se estivesse a observar atentamente um novo programa de TV. De tão alta quer era a audiência e a imensa euforia dos seres, as folhas marrom-escuro chacoalhavam maniacamente no fraco vento daquele entardecer lacônico e perturbador.
Abbey voltava para casa após um longo e aparente interminável dia de trabalho. Como se a pilha de papéis e processos que outrora agrupavam-se na sua mesa, a sua frente, agora tivessem virado árvores. O contraste triste que a cor dos galhos e as folha e a terra faziam com o céu e a miúda iluminação dos postes era única. Como se fosse uma prisma que, pelos feixes distantes do sol transformava o ambiente numa chuva de decadência e solidão. Caminhava despercebido pela estrada de terra batida, deixando seus pensamentos ganharem vida e voarem desnorteados pelo céu sombrio.
Era um rapaz que, naquele local passaria despercebido, como que camuflado; Seus cabelos curtos, olhos e roupas negras misturadas ao corpo algo e esguio mais pareciam uma daquelas árvores mortificadas. Além da exaustão do serviço, não conseguia nunca tirar da cabeça todos os dissabores de seu cotidiano, fossem eles pequenos ou grandes. Todas as tristezas e angustias andavam em suas costas, curvando-o e o tornando-o submisso a todas as desavenças. Carregava também no fundo, bem no fundo, os sonhos e a felicidade nostálgicas. Nos momentos mais desagradáveis de sua vida, pensava nessas coisas mas, ao mesmo tempo que se sentia melhor, sentia-se pior ainda com a distância de tudo isso, de toda a sua utopia mumificada. O vazio preenchido pela beleza apodrece ainda mais a existência de Abbey. E não é o fato de tudo isso atacar-lhe impiedosamente e de forma traiçoeira que o magoa, mas sim o fato daqueles sentimentos especiais que guardara com tanto apreço deixarem-no ainda pior.
Praguejava em um tom bem audível enquanto caminhava, tanto pelo fato de seus pensamentos tomarem tanto de si mesmo que não conseguia mante-los em seu âmago como também por saber que não haveria ninguém para ouvi-lo. O som ecoava pelos desconhecidos recantos da escuridão e morte que o cercavam.
Enquanto andava, cada mais depressa, movido pela fúria contra si mesmo e a confusão dos sentimentos de outrora, sentiu uma vibração constante no bolso esquerdo de sua calça. Era inacreditável o fato do celular funcionar naquele lugar já esquecido e ainda mais estranho foi Abbey antende-lo. O celular para ele era semelhante a um enfeite que usava apenas para mostrar aos outros ou para fazer brilhar em algo sua excência, já que não o usava e detestava-o.
Retirou o celular negro, pequeno e retangular com algumas luzinhas piscando de seu bolso, abriu-o e o levou ao ouvido. Pressentia que não eram boas notícias.
-Alô? -Disse em voz desanimada, uma palavra enfadonha mas não pensara em nada melhor a dizer.
-Abbey? -Respondeu uma voz bem calma, feminina e sonora. Notava-se pequenos alterações nela como se, de súbito, começaria a gritar. -Finalmente atendeu. Você tem isso só de enfeite?
-Mais ou menos.
-Pois não deveria. -Como dito antes, já aumentando o tom da voz, passando do singelo agudo para o grave irritante. -Saiba que numa emergência esse celular pode vir a ser útil.
-Se for uma emergência de verdade -Replicou Abbey com voz calma e imperturbável enquanto prosseguia seu trajeto. - Chamariam a quem pudesse resolver e não a mim que não poderia fazer nada.
-E se for algo que aconteça a você?
-Bom, os jornais contaram as boas-novas.
-E se for algo urgente, algo que você necessite saber?
Abbey mudificou-se, mas logo mudou de assunto.
-Bom, que seja. Está é uma?
-Não que seja... Bom... Liguei porque deveria... Bem...
-Fale logo.
As árvores simbilavam com mais violência agora, derrubando suas folhas pela estrada como um prenúncio.
-Mas... bem... como posso dizer...
-Falando talvez, inventaram as palavras para isso.
-OK, senhor irritadinho. Recebi uma ligação hoje de manhã da Dona Valeria pedindo que fossemos logo a casa dela. Estranhei ela ter ligado pois... Bom, você sabe bem o porque. Mas não consegui remediar e lhe liguei imediatamente.
Abbey sentia agora seu coração bater violentamente, já passando as costelas, o peito e a camisa, em uma súbita alucinação podia até -lo. Toda aquela tristeza e confusão deram lugar a um inevitável e violento desespero, uma inaflingível angústia. Seguia olhando reto, mas não via a estrada. Não visualizava a estrada e não ouvia o que lhe dizia pelo telefone, apenas olhava as palavras tremulando a sua frente em diversos tipos de cores frias.
-Fala!
-CALMA... Bem, não sei como dizer-lhe mas... -Por um segundo o mundo parou, enturveceu-se. Não havia céu, chão, árvores, oxigênio... Nada - A Ashby morreu.
E o mundo acabou.

Mas ressurgiu subitamente.
-Abbey! Abbey! Responda! Fala alguma coisa -A voz calma estava agora desesperada, frenética.
Abbey se encontrava ajoelhado e fitando o chão, o celular continuava na orelha direita, mas era como se todas as palavras não fizessem mais sentido, como se fosse de alguma língua extraterrestre.
Mesmo que tentasse organizar seus pensamentos, seria em vão. O suor e as lágrimas escorriam avidamente pelo seu rosto, sem dar sinal algum de trégua. Era como se o dilacerassem. Quase debilmente voltou a si e conseguiu falar, como em um suspiro:
-Como aconteceu?
-Bem... ela se matou.
-Imaginava que isso aconteceria, quase que esperava, mas não posso...não podia... não, não queria crer.
-Olha.. Onde você está? Você está bem?
-Claro que estou! Não poderia estar melhor! Por que não? Ela somente foi a pessoa mais importante de minha vida. Alguém que eu realmente amei e que podia compartilhar tudo. A garota mais bela da cidade, do mundo que perdi por desgraças mútuas. Por que estaria mal?
-Eu só queria..
-Me ajudar? Me ajudaria muito mais trazendo-a de volta ou simplesmente de calando! -Sua intenção era de desligar mas antes que o pudesse, por impulso que ele mesmo desconhecia, jogou-o por entre as árvores e desapareceu no mesmo instante. Talvez tenha batido em uma rocha e se quebrado, não se sabe.
Era como um sonho, na verdade um pesadelo. O tempo passava de forma surreal e incompreensiva enquanto os passos pareciam estar já fora de órbita. Abbey caiu de bruços com as mãos na face e desabou a chorar incontrolávelmente. Assim, o vento a soprar, chorou junto.

Abbey acendeu um cigarro que tremia incansávelmente em seus dedos. Somente acender o isqueiro já fora complicado, pois suas respiração ofegante e desritmada apagava a fraca chama que reacendia-se novamente pelos seus dedos. Ao conseguir, tragou profundamente do cigarro, tentando engolir a fumaça como engolir a sua 'paz' que o havia deixado. Era como um redemoinho maldito e incontrolável de memórias. Flashes passavam insistentemente em sua cabeça a cada vez que via o rosto ilusório de Ashby no vendo. Tragava novamente. Já nem parecia mais expelir a fumaça.
Em seu âmago, havia um batalhão de sentimentos e memórias aturdindo por aquela morte quase previsível. A culpa por não ter feito algo enquanto era possível feria-o profundamente. O desejo de fazer novamente por um motivo ínfimo ou a vontade de tentar algo que fizera de forma errônea por orgulho ou um sentimento bobo, ardiam em seu coração revoltosamente.
Os sorrisos, o calor, as lágrimas, os abraços... Tudo de Ashby rebelavam-se instantaneamente e descontroladas em seu interior. Não podia classifica-las, mas podia dizer, honradamente, que ela fora a pessoa que mais amou em sua vida. Era como se, agora mesmo, já não a visse ou falasse-lhe por um longo, longo tempo. Somente a ausência dela o fez perceber o quanto sentia sua falta. Na separação e no prosseguir dos meses foi até suportável mas, se houvesse sentido o que sentia agora, certamente não haveria tanta magoa para ambos. E em sentimento de estupidez, corroia-se.
Seu corpo, por dentro, remoia-se incessantemente, como estraçalhado por um liquidificador sádico. mas seu exterior aparentava somente apenas as lágrimas, o andar descompassado e a aparência semi-morta. O cigarro quase queimava-lhe os dedos mas Abbey não sentia absolutamente nada fora de seu coração.
Acabou por ceder a cansaço. Inconscientemente caiu de joelhos, derrubando o cigarro e em movimento a cair de bruços no chão com as lágrimas por amortecer a queda. Caiu de rosto virado e sentia o chão umidecer-se lentamente, mas isso não o importunava, não tinha a menor relevância. Somente ela... Ela que já não existia mais. Cerrou seus olhos e sussurrou palavras inaudíveis até para ele mesmo. Voltara a notar o mundo exterior, mas aquilo não o gradava nem um pouco. Se um machado o decepasse, realizaria a sua maior felicidade. Mas era óbvio que isso não aconteceria e ele não encontrava forças para fazer nada contra si mesmo. Como se a densidade da gravidade houvesse aumentado, permanecia deitado deixando-se corroer , a esperar o pior.
-Por favor, não chore. -Ouviu uma voz delicada dizer.

(continua)





Bom, estive até que enrolando para postar ele mas a verdade é que está um tanto quanto complicado. Espero que gostem e leiam a continuação. Assim, entenderão também o porque do nome do conto.
Até daqui a alguns dias!

terça-feira, 9 de junho de 2009

THIS-IS

Se pusesse a cabeça para fora do quarto, pela janela, o único som que se poderia ouvir era o do vento gélido soprando pelos putrídos edifícios. Nenhum carro ou sirene aturdindo a noite em seus inesperados alardes. Somente o som do intocável e inexistente, tornando a noite mais graciosa e vazia.
Era completamente o oposto dentro daquele quarto. Enquanto fazia um frio imensurável, capaz de congelar alguns desprevenidos, a nossa solitária Melissa permanecia incendiada por alguns breves instantes. Não pelo calor de um confortável coberto, mas pela fricção insana de corpos.
De um lado, o mundo estava repleto até o pescoço de seus problemas diversos que vinham acontecendo diariamente e com as precupações das semanas que ainda estão por vir. As pessoas correm desesperadamente em busca de uma solução para problemas insolúveis e para pequenos detalhes que destas fazem uma tempestade em copo d'água. Ao mesmo tempo em que o mundo se denigre em sua mesmice, Melissa procurava refúgio do caos incessante e quaisquer tipo de diversões. O que lhes agrada é agora um motivo para comemorar. De outro lado, temos as responsabilidades e as desavenças de pensamentos e sentimentos.Uma dualidade cruel e maldita. Cada um dos seres fazem de cada instante um tormento aparentemente interminável e gastam suas vidas no triste redemoinho da loucura. Ou seja, ninguém quer aproveitar verdadeiramente os momentos de êxtase, seja ele físico ou sentimental, que vos é concebido, pois estão demasiados afogados em seu universo opressor.
Tendo tudo isso em nossa mente, faz mais do que sentido que Melissa não pertença a nosso planeta, pois não possui nenhuma das 'qualidades' já citadas. Pelo menos não nesse instante.
Cada leve tremor em suas pernas, o menor movimento em sua cama, a menor e profunda respiração ou qualquer toque em sua pele, preencheria-a de uma libido inexpressável. Podia-se perceber somente a medida de seu desejo com seu pequeno e delicado corpo contorcer-se em ínfimos espasmos e na sua profunda respiração que, devido a magnitude de seu prazer, já não mais respiração solta pelo nariz, e sim pela boca semi-marcada por mordidas feita por ela mesma, em um som suave quase mudo.
Com o passar das mãos pelo corpo de Melissa, ela já se encontrava em órbita. Nenhum dos conflitos existências, sociais ou pessoais de outrora poderiam afeta-la agora ou, pior que isso, traze-la de volta à realidade. Essa utopia realista era tão perfeita que todos teriam inveja por poder haver um ser humano capaz de desfrutar de tal deleite. Os lábios tocavam e beijavam seu delicado pescoço como prestes a acabar a mais extinta beleza ainda existente. Prosseguia mordiscando sua orelha como uma saborosa iguaria provada por um simples luxo. A respiração e os beijos apaixonados que voltavam-se constantemente após uma submersão indescritível, engrandecidos pelo calor somente sentido em tal situação, faziam crescer a atmosfera de fome, uma vontade voz de satisfazer tal desejo.
Melissa era gentilmente e demoradamente despida, como se cada instante tivesse de ser deliciado como o último do universo. Talvez o fosse para ela que, em sua órbita tão distante de nós, nada mais era, exceto, feixes luminosos piscando no ritmo de seu ofegar.
Com a parte do tronco já nu, pode sentir por pouco tempo um vento breve e refrescante penetrar pela janela a trazer-lhe um pouco de frio ao seu corpo incandescente. Frio esse que foi estinguindo-se com o calor corporal, tocando-a em forma de massagear seus seios. Mordendo-os e lambendo-os com uma sede controladamente voraz e apreciativa. Repetia a mesma ação como se pudesse ler os pensamentos de Melissa, a saber que aquela era uma das partes que mais ecitava-a. Arranhava seu corpo com certa intensidade, mas não com malevolência, uma brutalidade delicada. Suas unhas cravadas na carne era como um toque suavizados capaz de despertar os sentidos.
Descia lentamente, de ponto em ponto, pelo corpo de Melissa. Desabotoando sua calça jeans e sorvendo com a boca suas coxas, enquanto que ao tirar sua calça, permanecia a arranha-la.
Não eram necessárias palavras ou um dialogo longo, detalhado e reconfortador sobre seus mútuos sentimentos ou vontades. O corpo sempre fala por si, basta ouvi-lo com os poros.
A luz dos postes entrava despercebidamente pela janela com aparente intenção de iluminar o que deveria permanecer nas sombras. Mas o único ponto que podia atingir, limitadamente, era o corpo despido de Melissa, somente protegido por sua calcinha. Resplandecia e refletia ao alcançar a pele pálida inundada por gotas apraziadas de suor. Os olhos de Melissa continuavam fechados e a respiração veloz e continua.
Não demorou muito, apesar daqueles instantes magníficos parecerem horas, até que sua calcinha fosse, por fim, suavemente retirada de onde estava. O calor ali dentro retido e oculto fora lançado ao quarto com uma voracidade bestial. Como que se uma porta tivesse sido aberta, fora a de suas sensações. Agora tudo já estava pronto, ou quase tudo.
As mãos de seu amante retornaram a deslizar pelo seu corpo inteiro. Desciam e subiam majestosamente, seguidas por lábios e dentes capazes de tudo por prazer, como se aquilo o alimentasse, mesmo que para isso tivesse de arder no maior e mais tortuoso inferno. Por fim, os movimentos indicavam ir para baixo. Até que finalmente chegou. Mordeu e arranhou, seguidamente repetindo a sorver as coxas até que alcançou a vagina de Melissa. Bela e delicada como o resto inteiro de si. Os dedos deslizaram pela pele e alcançaram a carne, que se mostrava já úmida, acariciando cada trecho de sua totalidade. cada toque era seguido de um suspiro parecido ao de um gemido e belo tremular de seu corpo. Assim, gradativamente, os dedos penetraram-na e a estimularam dando um pequeno espaço aos lábios e a língua em movimentos, ora repetitivos, ora inconstantes. Ao mesmo tempo em que lambia com a ponta da língua os lábios da vulva, movia os dedos em movimentos de vai-e-vem. Os suspiros arquejantes de ardentes de anteriormente, deram lugar aos gemidos tão delicados que só se foram ouvir nesse instante. Som tão suave e angelical que nunca se cansaria de ouvir e, somente por ter oportunidade, escutaria para sempre. O corpo de Melissa começou a subir calmamente. O corpo do amante de Melissa tornou a subir lentamente. Ao mesmo tempo que arranhava as laterais de seu corpo, mordia e beijava sua bela barriga, subindo ao tórax e depois aos seios rijos e únicos, alcançando o pescoço e, finalmente, o rosto e os lábios. Um dos beijos mais longos e estimulantes que já se houvera. As constelações passavam por Melissa, o calor aumenta, os gemidos já eram incontroláveis e o corpo já cedia a cada toque, como de implorasse.
Ela já não controlava mais seus atos ou seus pensamentos, na verdade, já nem pensava em mais nada, somente queria, implorava, pedia. Isso tudo dentro de sua mente, vontade reclusa em seu âmago. Queria somente saciar aquela vontade delirante, aquela imensa sede. Enquanto sentia o corpo em chamas e atordoado a cada novo contato, segurou delicadamente, porem com prazer, o pênis. Prazer que demonstrava-se em seu ato e veio a traze-lo em sua vagina. Um convite irrecusável.
Com a ponta do pênis já a penetra-la, ela sentiu a dualidade da situação: De um lado havia seu desejo e necessidade e de outra havia o medo. Mas Melissa já se encontrava em tal estado que não titubeou muito em sua decisão, já se encontrava à frente da piscina, e somente lhe restava pular.
O membro fálico e consistente, repleto pelo calor e prazer iguais ao dela, entrou em Melissa. Não sem esforço, é claro, mas já estava tão provocada que não foi muito difícil o ápice chegar.
Dois corpos a dividir exatamente o mesmo espaço, a compartilhar o calor único daquelas entidades em busca de sua outra metade. Aproximando-se e afastando-se repetidamente um do outro. Deixando, assim, a chama do prazer crescer rapidamente em ambos, a ponto de aflorar de Melissa, como se aquele calor que sentisse fosse jorrar d seu corpo acalentado pelo prazer e pelo afago sexual de outrora. Como se aquele espaço no que se via agora, fracamente, pelas incessantes vibrações, a fosse sugar pela eternidade do momento. As luzes do poste tornava-se somente escuridão com as miúdas estrelas pairando pelo seu corpo cálido e inerte neste momento, distante de tudo e todos. Seus seios tremulavam vividamente, ritmado ao seu corpo. O suor brotava gloriosamente de seus poros e continuava a exalar os líquidos e feromônios de evidência de seu prazer. Já submersa em seus gemidos e gritos, sentiu-se fora de seu corpo.
Seu corpo parecia ser estendido suavemente e contorcido de todas as formas imagináveis. Aproveitava e se deleitava com quaisquer sensações, inerte no mais profundo êxtase, enquanto sentia-se passando por uma mutação indescritível. Que poderia-se singelamente tentar definir como o maior prazer físico. Sensação que depois Melissa veio a descobrir chamar-se orgasmo.
Gozou com toda a intensidade que restava naquele corpo , aprofundado no maior dos prazeres que o mundo precisaria, talvez.
As mãos continuavam a acaricia-la, indefinidamente pelo corpo inteiro. Agora somente passando uma mão pelo seus quadris e a outra a acaricia-lhe o cabelo. Era como se cada toque em seu corpo aumentasse ainda mais o que já era burlesco em questão de prazer.
Melissa não abrira os olhos em instante algum, continuava a flutuar em um universo distante e inacreditável, de ar rarefeito, de um clima extremamente árido e completamente sedutor. Como se cada molécula fosse estimulante. Mas aos poucos foi retornando...
Descendo, declinando...Voltando á realidade, tornando ao mundo, retornando ao normal. A utopia e a exaustão corporal pareciam não se desfazer nunca, junto com as mãos que agora não pareciam tanto querer seduzi-la, e sim acolhe-la. Melissa abriu os olhos lentamente, ainda atordoada e pôs-se a chorar. A melancolia mais intensa ao prazer e a solidão mais agonizante que uma criatura poderia sentir em tão situação. Passou um de seus dedos pela porta da vagina e fitou demoradamente o sangue em sua mão. Encolheu-se em posição fetal, ignorando o calor que sentia e desabou por completo de forma extremamente bipolar.
As mãos tremendo e suadas, tão familiares de alguns minutos atrás agora serviam para enxugar as lágrimas. Olhou ao redor em seu quarto, procurando a quem abraçar ou chorar ao peito, mas a mais absoluta solidão, uma escuridão crescente. Jogou o pênis de plástico no chão e prosseguiu em seu pranto.
A noite artificial e sentimental se fazia intensa. Não na rua, mas dentro de Melissa. A agonia de seu destino e atos a sodomizavam violentamente. Certo que o prazer não desaparecera, mas agora disputava fatalmente o lugar junto ao desespero.
A solidão crescia dentro daquele corpo auto-deflorado de forma tão natural a autonoma, as mão delicadas e hábeis cobriam seu corpo e sua imaginação que tanto a excitou e fe-la fantasiar alguém que agora não cuidará de seus sentimentos. Seu corpo cedia e seus sentimentos dançavam desordenadamente a valsa da loucura.
Frustrada, não lhe restava mais nada.
Deu um beijo suave no dedo indicados e o encostou na bochecha direita. Chorou até cair no sono na mais alta hora da madrugada.
Isso é o que resta. Isto é seu consolo. Isso é a sua vida. Essa é Melissa.
Onde morou a alegria. Permaneceu também a ilusão e a desgraça. Deixou somente um rastro de insignificância.











Em breve - Qualquer Oportunidade / 207 / Receita para uma perfeita decadência

E se eu finalmente pudesse voar?

Desde que dou por conta de mim mesmo, de minhas vontades excêntricas e desejos irrealizáveis, sempre se sobrepujou às outras a vontade de voar. Sei muito bem que não sou o único a querer uma coisa dessas e sei também que não serei o último. A muitos tempos idos, inventaram o avião, após ele ultra-leves e diversas alterações, mas com o único intuito de estar no meio das nuvens, distante do carrasco, absorto de seus crimes, livre de seus grilhões e, acima de tudo, indiferente a seus medos... Gradativamente mais próximo de algum Deus.
No começo somente via o fato de voar ou até mesmo flutuar como uma fuga. Seja fuga da realidade, dos problemas, das pessoas ou de tudo isso e muito mais ou de nenhuma delas. Mas conforme foram se passando os anos, comecei a ver tudo isso de uma forma simbólica somente, quase que angelical. Ter asas... tal qual anjos, pássaros ou demônios... E aquilo que me era uma vontade, transformou-se em uma obsessão até por fim tornar-se apenas um sonho inalcansável que via tremular em todas as minhas palavras e ambições. Chegava até a pensar que tinha realmente asas, mas não sabia como usa-las.
A cada dia que se passava, minha vontade de ter asas, de voar, de ser diferente, de alcanças meus sonhos e, assim, minha vida... A cada instante eu via tudo isso de uma forma ainda mais impossível, até mesmo surreal. Infelizmente, eu não era o único que pensava assim, cometi o terrível equivoco de contar a algumas pessoas minha vontade. Talvez somente quisesse partilhar um sentimento, mas o que pareceu foi que havia feito uma piada e recebido uma salva de vaias. Fato pelo qual, praticamente, abdiquei de meu único objetivo, de minha suprema obsessão.
Dessa forma passaram minutos, horas, dias, semanas, meses, trimestres,anos,décadas, até que quando eu praticamente já tinha jogado aquele sonho no "lixo reciclável de esperanças perdidas", algo me fez reaviver todas aquelas emoções. Não, eu não vi um corvo sobrevoando planícies grotescas de uma civilização distante. Também não presenciei uma galinha pegando impulso e tentando alçar vôo com suas curtas e deficientes asas mirradas. Tampouco fiquei a fitar um jato passar acima de minha cabeça. Eu simplesmente cai.
Estava debruçado em minha janela, fumando o terceiro cigarro consecutivo, colocando quase todo o peso de meu corpo para frente com o intuito de impedir a fumaça de entrar em meu quarto. Porem, de tanto inclinar-me, acabei por me desequilibrar e cair daquela janela.
Era uma queda um tanto quanto curta, cerca de 3 metros. Mas, enquanto caia, aquelas minhas divagações vieram a tona e a vontade de me libertar das algemas da crueldade e da realidade, da hipocrisia e da falta de fantasia e simplesmente planar no céu nublado me fez novamente uma criança perdida e desesperada que daria toda a sua vida de ventura por uma diversão momentânea. Entregaria um destino em troca de um sonho, de um outro universo, de uma outra visão. Mas meu desejo não tornou-se realidade e terminei por desabar no asfalto.
Assim, uma das poucas coisas que se sucederam foram a dor, a desilusão e a impotência por não conseguir me mover ou até mesmo pensar em algo mais racional.

~

-Tristes os sonhos não se tornarem realidade tão simplesmente, não é? -Disse uma voz feminina e suave acima de minha cabeça
Meu corpo doia intensamente, por completo, que somente o fato de pensar soltava um impulso frenético e latejante de dor, fazendo-me permanecer deitado de bruços. Porém, a curiosidade era tanta, que não podia me deixar vencer.
-Realmente... Não acho que seria injusto ocorrerem pequenas excessões. - Consegui murmurar com o rosto colado no chão, sentindo o gosto do sangue em meus lábios
-Seria. Pois se pode haver uma para você, deveria haver uma para todos.
-Segredos pequenos não matam, ninguém ficaria sabendo.
-Acho difícil. -Disse dando uma leve risada. -Aliás, acho impossível ninguém notar um ser humano voando por aí.
Meu coração gelou por completo naquele instante, como ela poderia saber isso de mim? Talvez ela me conhecesse muito bem ou simplesmente fosse uma telepata, mas acho que uma coisa dessas não existe. Com a respiração entrelaçada à surpresa e ao medo, cortada pela dor em meus pulmões, consegui dizer com certa dificuldade:
-Como sabe disso?
-Foi um mero palpite e, pelo visto, acertei.
-Mas... -Forcei pelo menos minha cabeça para -la. A curiosidade era muito maior comparada a dor que sentia. -... Por que dizes isso? -Movi minha cabeça e abri os olhos. Meu coração parou novamente e, dessa vez, achei que fosse a última. Minhas palavras e pensamentos desapareceram no vácuo. Se soubesse descrever ou, pelo menos, entender seria bem mais fácil expressar. Mas não me é possível, estava irremediavelmente apaixonado.
Era uma mulher de baixa estatura, cabelos longos e negros, olhos igualmente escuros e profundos, lábios perfeitos em um rosto puramente bem desenhado, mãos macias e uma voz simplesmente encantadora.Atraveria-me a dizer "viciante", assim como "tentadora" era o sinônimo de sua pele, não havia dúvida alguma que estava fitando como um idiota um anjo. Os instantes em que permaneci a olhando pareciam não terminar nunca e, na verdade, eu tinha até medo que ele se terminasse. Gostaria de ficar mais alguns longos instantes presos nos seus olhos. Até que ela falou:
-Você deve estar pensando agora no que eu sou ou o que estou fazendo e, pra falar vem a verdade, nem eu mesma sei direito. A única coisa que tenho consciência é que tens o mesmo desejo que o meu.
-Vo-Voar?
-Exatamente, e eu posso conceder-lhe essa opotunidade.
-Mas você mesma disse...
-Eu sei que disse que se abrisse uma excessão, um momento, para você, teria de da-la a todos. Mas não estou me referindo a uma simples oportunidade e sim uma decisão. Uma escolha que cabe somente a você.
-E qual seria essa escolha?
-Você realmente deseja voar?
-Claro que sim.
-Portando basta-lhe pagar um pequeno preço.
-E qual o preço dessa oportunidade?
-Sua vida.

~

Por alguns instantes, vieram-me em mente todos os instantes de minha infância e juventude e o que poderia acontecer no futuro, todos os sentimentos... Tendo em uma mão a possibilidade e em outra a utopia de uma vida inteira, saberia muito bem o que escolher. Mas aquele anjo em minha frente entrava... Invadia meus pensamentos, sei muito bem que que era a primeira vez que a via, mas não queria que fosse a última.
-Antes de eu lhe dar a resposta, diga-me quem é você?
-O seu sonho...
Não havia o que considerar e nem mesmo o que retrucar. Sabia o que isso significava e tinha certeza do que eu queria.
Foi o melhor dia da minha vida!
Em um instante, estava jogado no chão frente à uma pessoa que conseguiu abalar meus sentimentos de uma forma tão surreal e rápida, porem verdadeira, e no segundo seguinte estava atravessando as nuvens e o ar a seu lado.
Estava em meu paraíso, inerte em meu extase. Toda a minha vida parecia fazer sentido agora.
Gostaria que esse momento tivesse durado para sempre. Mas sei bem que "para sempre" é tempo demais. E, mesmo morto, guardo as lembranças de um sonho que se tornou realidade, de um dia perfeito, de uma vida e de um provável amor eterno.
Mas, não me arrependo. Ao menos fui feliz.
Obrigado.