terça-feira, 9 de junho de 2009

THIS-IS

Se pusesse a cabeça para fora do quarto, pela janela, o único som que se poderia ouvir era o do vento gélido soprando pelos putrídos edifícios. Nenhum carro ou sirene aturdindo a noite em seus inesperados alardes. Somente o som do intocável e inexistente, tornando a noite mais graciosa e vazia.
Era completamente o oposto dentro daquele quarto. Enquanto fazia um frio imensurável, capaz de congelar alguns desprevenidos, a nossa solitária Melissa permanecia incendiada por alguns breves instantes. Não pelo calor de um confortável coberto, mas pela fricção insana de corpos.
De um lado, o mundo estava repleto até o pescoço de seus problemas diversos que vinham acontecendo diariamente e com as precupações das semanas que ainda estão por vir. As pessoas correm desesperadamente em busca de uma solução para problemas insolúveis e para pequenos detalhes que destas fazem uma tempestade em copo d'água. Ao mesmo tempo em que o mundo se denigre em sua mesmice, Melissa procurava refúgio do caos incessante e quaisquer tipo de diversões. O que lhes agrada é agora um motivo para comemorar. De outro lado, temos as responsabilidades e as desavenças de pensamentos e sentimentos.Uma dualidade cruel e maldita. Cada um dos seres fazem de cada instante um tormento aparentemente interminável e gastam suas vidas no triste redemoinho da loucura. Ou seja, ninguém quer aproveitar verdadeiramente os momentos de êxtase, seja ele físico ou sentimental, que vos é concebido, pois estão demasiados afogados em seu universo opressor.
Tendo tudo isso em nossa mente, faz mais do que sentido que Melissa não pertença a nosso planeta, pois não possui nenhuma das 'qualidades' já citadas. Pelo menos não nesse instante.
Cada leve tremor em suas pernas, o menor movimento em sua cama, a menor e profunda respiração ou qualquer toque em sua pele, preencheria-a de uma libido inexpressável. Podia-se perceber somente a medida de seu desejo com seu pequeno e delicado corpo contorcer-se em ínfimos espasmos e na sua profunda respiração que, devido a magnitude de seu prazer, já não mais respiração solta pelo nariz, e sim pela boca semi-marcada por mordidas feita por ela mesma, em um som suave quase mudo.
Com o passar das mãos pelo corpo de Melissa, ela já se encontrava em órbita. Nenhum dos conflitos existências, sociais ou pessoais de outrora poderiam afeta-la agora ou, pior que isso, traze-la de volta à realidade. Essa utopia realista era tão perfeita que todos teriam inveja por poder haver um ser humano capaz de desfrutar de tal deleite. Os lábios tocavam e beijavam seu delicado pescoço como prestes a acabar a mais extinta beleza ainda existente. Prosseguia mordiscando sua orelha como uma saborosa iguaria provada por um simples luxo. A respiração e os beijos apaixonados que voltavam-se constantemente após uma submersão indescritível, engrandecidos pelo calor somente sentido em tal situação, faziam crescer a atmosfera de fome, uma vontade voz de satisfazer tal desejo.
Melissa era gentilmente e demoradamente despida, como se cada instante tivesse de ser deliciado como o último do universo. Talvez o fosse para ela que, em sua órbita tão distante de nós, nada mais era, exceto, feixes luminosos piscando no ritmo de seu ofegar.
Com a parte do tronco já nu, pode sentir por pouco tempo um vento breve e refrescante penetrar pela janela a trazer-lhe um pouco de frio ao seu corpo incandescente. Frio esse que foi estinguindo-se com o calor corporal, tocando-a em forma de massagear seus seios. Mordendo-os e lambendo-os com uma sede controladamente voraz e apreciativa. Repetia a mesma ação como se pudesse ler os pensamentos de Melissa, a saber que aquela era uma das partes que mais ecitava-a. Arranhava seu corpo com certa intensidade, mas não com malevolência, uma brutalidade delicada. Suas unhas cravadas na carne era como um toque suavizados capaz de despertar os sentidos.
Descia lentamente, de ponto em ponto, pelo corpo de Melissa. Desabotoando sua calça jeans e sorvendo com a boca suas coxas, enquanto que ao tirar sua calça, permanecia a arranha-la.
Não eram necessárias palavras ou um dialogo longo, detalhado e reconfortador sobre seus mútuos sentimentos ou vontades. O corpo sempre fala por si, basta ouvi-lo com os poros.
A luz dos postes entrava despercebidamente pela janela com aparente intenção de iluminar o que deveria permanecer nas sombras. Mas o único ponto que podia atingir, limitadamente, era o corpo despido de Melissa, somente protegido por sua calcinha. Resplandecia e refletia ao alcançar a pele pálida inundada por gotas apraziadas de suor. Os olhos de Melissa continuavam fechados e a respiração veloz e continua.
Não demorou muito, apesar daqueles instantes magníficos parecerem horas, até que sua calcinha fosse, por fim, suavemente retirada de onde estava. O calor ali dentro retido e oculto fora lançado ao quarto com uma voracidade bestial. Como que se uma porta tivesse sido aberta, fora a de suas sensações. Agora tudo já estava pronto, ou quase tudo.
As mãos de seu amante retornaram a deslizar pelo seu corpo inteiro. Desciam e subiam majestosamente, seguidas por lábios e dentes capazes de tudo por prazer, como se aquilo o alimentasse, mesmo que para isso tivesse de arder no maior e mais tortuoso inferno. Por fim, os movimentos indicavam ir para baixo. Até que finalmente chegou. Mordeu e arranhou, seguidamente repetindo a sorver as coxas até que alcançou a vagina de Melissa. Bela e delicada como o resto inteiro de si. Os dedos deslizaram pela pele e alcançaram a carne, que se mostrava já úmida, acariciando cada trecho de sua totalidade. cada toque era seguido de um suspiro parecido ao de um gemido e belo tremular de seu corpo. Assim, gradativamente, os dedos penetraram-na e a estimularam dando um pequeno espaço aos lábios e a língua em movimentos, ora repetitivos, ora inconstantes. Ao mesmo tempo em que lambia com a ponta da língua os lábios da vulva, movia os dedos em movimentos de vai-e-vem. Os suspiros arquejantes de ardentes de anteriormente, deram lugar aos gemidos tão delicados que só se foram ouvir nesse instante. Som tão suave e angelical que nunca se cansaria de ouvir e, somente por ter oportunidade, escutaria para sempre. O corpo de Melissa começou a subir calmamente. O corpo do amante de Melissa tornou a subir lentamente. Ao mesmo tempo que arranhava as laterais de seu corpo, mordia e beijava sua bela barriga, subindo ao tórax e depois aos seios rijos e únicos, alcançando o pescoço e, finalmente, o rosto e os lábios. Um dos beijos mais longos e estimulantes que já se houvera. As constelações passavam por Melissa, o calor aumenta, os gemidos já eram incontroláveis e o corpo já cedia a cada toque, como de implorasse.
Ela já não controlava mais seus atos ou seus pensamentos, na verdade, já nem pensava em mais nada, somente queria, implorava, pedia. Isso tudo dentro de sua mente, vontade reclusa em seu âmago. Queria somente saciar aquela vontade delirante, aquela imensa sede. Enquanto sentia o corpo em chamas e atordoado a cada novo contato, segurou delicadamente, porem com prazer, o pênis. Prazer que demonstrava-se em seu ato e veio a traze-lo em sua vagina. Um convite irrecusável.
Com a ponta do pênis já a penetra-la, ela sentiu a dualidade da situação: De um lado havia seu desejo e necessidade e de outra havia o medo. Mas Melissa já se encontrava em tal estado que não titubeou muito em sua decisão, já se encontrava à frente da piscina, e somente lhe restava pular.
O membro fálico e consistente, repleto pelo calor e prazer iguais ao dela, entrou em Melissa. Não sem esforço, é claro, mas já estava tão provocada que não foi muito difícil o ápice chegar.
Dois corpos a dividir exatamente o mesmo espaço, a compartilhar o calor único daquelas entidades em busca de sua outra metade. Aproximando-se e afastando-se repetidamente um do outro. Deixando, assim, a chama do prazer crescer rapidamente em ambos, a ponto de aflorar de Melissa, como se aquele calor que sentisse fosse jorrar d seu corpo acalentado pelo prazer e pelo afago sexual de outrora. Como se aquele espaço no que se via agora, fracamente, pelas incessantes vibrações, a fosse sugar pela eternidade do momento. As luzes do poste tornava-se somente escuridão com as miúdas estrelas pairando pelo seu corpo cálido e inerte neste momento, distante de tudo e todos. Seus seios tremulavam vividamente, ritmado ao seu corpo. O suor brotava gloriosamente de seus poros e continuava a exalar os líquidos e feromônios de evidência de seu prazer. Já submersa em seus gemidos e gritos, sentiu-se fora de seu corpo.
Seu corpo parecia ser estendido suavemente e contorcido de todas as formas imagináveis. Aproveitava e se deleitava com quaisquer sensações, inerte no mais profundo êxtase, enquanto sentia-se passando por uma mutação indescritível. Que poderia-se singelamente tentar definir como o maior prazer físico. Sensação que depois Melissa veio a descobrir chamar-se orgasmo.
Gozou com toda a intensidade que restava naquele corpo , aprofundado no maior dos prazeres que o mundo precisaria, talvez.
As mãos continuavam a acaricia-la, indefinidamente pelo corpo inteiro. Agora somente passando uma mão pelo seus quadris e a outra a acaricia-lhe o cabelo. Era como se cada toque em seu corpo aumentasse ainda mais o que já era burlesco em questão de prazer.
Melissa não abrira os olhos em instante algum, continuava a flutuar em um universo distante e inacreditável, de ar rarefeito, de um clima extremamente árido e completamente sedutor. Como se cada molécula fosse estimulante. Mas aos poucos foi retornando...
Descendo, declinando...Voltando á realidade, tornando ao mundo, retornando ao normal. A utopia e a exaustão corporal pareciam não se desfazer nunca, junto com as mãos que agora não pareciam tanto querer seduzi-la, e sim acolhe-la. Melissa abriu os olhos lentamente, ainda atordoada e pôs-se a chorar. A melancolia mais intensa ao prazer e a solidão mais agonizante que uma criatura poderia sentir em tão situação. Passou um de seus dedos pela porta da vagina e fitou demoradamente o sangue em sua mão. Encolheu-se em posição fetal, ignorando o calor que sentia e desabou por completo de forma extremamente bipolar.
As mãos tremendo e suadas, tão familiares de alguns minutos atrás agora serviam para enxugar as lágrimas. Olhou ao redor em seu quarto, procurando a quem abraçar ou chorar ao peito, mas a mais absoluta solidão, uma escuridão crescente. Jogou o pênis de plástico no chão e prosseguiu em seu pranto.
A noite artificial e sentimental se fazia intensa. Não na rua, mas dentro de Melissa. A agonia de seu destino e atos a sodomizavam violentamente. Certo que o prazer não desaparecera, mas agora disputava fatalmente o lugar junto ao desespero.
A solidão crescia dentro daquele corpo auto-deflorado de forma tão natural a autonoma, as mão delicadas e hábeis cobriam seu corpo e sua imaginação que tanto a excitou e fe-la fantasiar alguém que agora não cuidará de seus sentimentos. Seu corpo cedia e seus sentimentos dançavam desordenadamente a valsa da loucura.
Frustrada, não lhe restava mais nada.
Deu um beijo suave no dedo indicados e o encostou na bochecha direita. Chorou até cair no sono na mais alta hora da madrugada.
Isso é o que resta. Isto é seu consolo. Isso é a sua vida. Essa é Melissa.
Onde morou a alegria. Permaneceu também a ilusão e a desgraça. Deixou somente um rastro de insignificância.











Em breve - Qualquer Oportunidade / 207 / Receita para uma perfeita decadência

Um comentário:

  1. já disse milhares de vezes como esse conto é genial, fiquei feliz de vê-lo postado aqui...

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