sábado, 4 de abril de 2009

A vida sob uma mira é tão mais bela.

Àí vai um texto, obviamente influenciado pela minha vida atual. Espero que tirem algo interessante dele.




Ele estava fatigado. Total e puramente. As dificuldades, o trabalho massacrante, as agitações na faculdade que o impediam de estudar o que amava. Diga-se de passagem a única coisa que realmente amava. Tudo isso o havia sobrecarregado a um ponto que ele sabia que não era saudável.
Respirou fundo, sentindo os volumes metálicos dentro da mochila. Sabia que aquilo era só para se sentir melhor, caso ocorresse algo violento durante as inacabáveis manifestações se sentiria mais seguro. Poderia barganhar , usando o medo. Há!Quem ele queria enganar, nunca fizera mal a uma mosca e, provavelmente , não começaria agora.
Prosseguiu na caminhada (afinal os ônibus internos da faculdade não funcionavam durante os protestos), chegando finalmente À área onde suas aulas eram ministradas. E viu, sem surpresa alguma mas com muito desgosto, pessoas com camisetas padronizadas e placas ans mãos e um indivíduo com um microfone dizendo:

"... e esses burgueses reacionários vão ter de nos ouvir! Nós faremos greve enquanto for necessário, até que eles nos ouçam! Não vamos permiter que ninguém entre nas salas hoje, pois temos de nos unir! Os estudantes deste país têm o poder e nós.."
Ele se desligou por um instante.Seria possível que dessa vez eles fossem impedir que ele subisse para a sala? Ele decidiu tentar e ver no que dava.

Ao chegar na frente da rampa já sentiu so olhares ao seu redor e rapidamente foi cercado, iniciou-se o diálogo.

" Não , companheiro, o senhor não vai subir pra sala. Nós vamos ganhar, essa greve será vitorioso"
"Escutem, essas greves raramente ganham algo de verdade. Deixem eu subir pra sala, por favor."
"Não, não, venha, vamos conversar, Junte-e à causa. Nós temos de..."

"A , esquece. Vocês ficam agitando toda essa merda e esses ideias estúpidas e eu não tenho mais saco pra ouvir"

Ao se afastar ele sentiu que eles viriam a ele para tirar satisfações, mas estava calmo, ainda.

"Escuta aqui , seu burguesinho de merda, disseram enquanto apontavam o tênis que ele havia pago em 5 vezes no cartão às custas de muito esforço.Você não vai ofender nosso movimento e noss ideias- diziam enquanto cuspiam em seu rosto e um deles o empurrava. Ou nós te mostraremos a força (o brutamontes com boné personalizado que o empurrava fazendo cara de cachorro louco) da causa sindical e é melhor você se desculpar antes que gente resolva engrossar.

Ele apenas se afastou enquanto eles riam de sua "covardia" e mexeu um pouco na mochila, de cabeça baixa. E então ele voltou ostentando a Glock 380 segura firme nas duas mãos, desferindo três tiros no peito do líder deles.
Em seguida prosseguiu antes que alguém entendesse direito, derrubou mais quatro membros do grupo enquanto os outros corriam.

Então ele guardou a arma e subiu a rampa, calmamente e foi procurar o professor, que estava com cara de confuso e notou a expressão de pesar na face do aluno.
Ele, por fim, entregou a monografia e deu um sorriso para o professor.
Agora faltaria muito pouco para ele conluir o curso. Mas estava tudo acabado , mesmo.


Desceu as escadas, tirou o pente da arma, desengatilhou-a e aguardou a polícia chegar, sentado num canto e lendo sua leitura obrigatória pra próxima aula, que nunca chegaria a assistir. Ao menos talvez os próximos alunos tivessem uma greve a menos.

3 comentários:

  1. Alvejar o idealismo passional com três tiros no peito: quem dera fosse fácil, quem dera fosse menos danoso quanto o descrito! - o que fode é que é danoso como qualquer outra paixão.

    Gostei!

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  2. Eventualmente, sinto o mesmo que a descrição psicológica do garoto me fez sentir. Mas pra mim é mais fácil, afinal, tenho uma distância segura dos sempre-grevistas.

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