sexta-feira, 27 de março de 2009

O Nome Falso

Todas as pessoas tem o péssimo hábito de idealizar um romance perfeito, onde todas as carícias e sentimentos são retribuidos com total equivalência. E por esse motivo, se sujeitam a diversas situações e se atiram deliberadamente no oceano turvo dos desamores com a única intenção de acharem o amor perfeito. Porém nenhuma delas sabe como ou por onde começar. Talvez pelo achar, pela aura, pelo timbre de voz... Mas, em geral e que poucas delas sabem, é pelo nome da pessoa e a forma que ela se apresenta no primeiro encontro.
Por exemplo, você pode olhar a pessoa mais bela do mundo (aos seus olhos, é claro) e conversar com ela, mas no primeiro diálogo você nota o fato da pessoa nada mais ser do que uma casca oca. Se persistires nessa ideologia, nada mais será que um imbecil superficial. Doravante, ao ver a pessoa mais feia que poderia imaginar, mais feia que o corcunda de Notre Dame, ou a pessoa mais indiferente que um par de tênis velhos amarrados em um poste, e ao trocar palavra com a mesma, sentir algo no seu íntimo. Em seu nome, em jeito de ser. Será uma pessoa sagaz, espirituosa e está a um passo do relacionamento ideal que sempre sonhastes. Já achar ambas as características em uma pessoa só é praticamente impossível. Uma probabilidade de 0,56%. E mesmo que você não tenha conhecimento dessa estatística, se apaixonará perdidamente pela pessoa. Paixão essa que se tornará obsessão. Obsessão essa que se tornar´uma tragédia. Tragédia essa que se tornará uma fantasia. Fantasia esta que se tornará uma história que irei lhes contar.

Havia uma vez um rapaz de cerca de 26 anos, comum como maioria dos transeuntes que estão ao meu redor agora e que vemos em nosso dia-a-dia. Mas em sua aparência, havia algo de místico às pessoas, se parassem para analisar. Seus olhos negros, profundos e hipnotizantes, a face estreita e firme, cabelo lisos e igualmente negros a altura do ombro, magro e de cerca de 1,69 de altura. A você pareceria uma pessoa qualquer realmente e eu não vos culpo por isso, por essas descrições praticamente simplórias não seria capaz de descrever a sua beleza. Mas se o visse e parasse no mínimo por cerca de 5 minutos e conversar com ele, seria o bastante para admira-lo ou apaixonar-se por ele.
A voz grave, porem extremamente suave junto ao seu olhar mesmerizante, a simpatia e a complacência que ele mostrava eram da mais pura e extrema nobreza, completamente morta neste século XXI. Assim era o motivo pelo qual todas as garotas ao seu redor o adoravam, admiravam-no. E todos os rapazes o odiavam, detestavam-no com o mais puro e completo rancor.
Mas tudo isso para ele nada mais passava tão indiferente como uma garoa outonal. Não se importava com os sentimentos que as garotas o demonstravam e não dava a mínima para a aversão que os garotos o devotavam. Sua vida girava inteiramente ao redor do instante, as conversas, as carícias, aos beijos, ao sexo e aos nomes falsos.
Para ele era mais confortável viver uma vida poligâmica e retornar sempre para casa com seus sentimentos voltados a si mesmo ou a trivialides. E isso se devia ao medo de se relacionar-se com outrem novamente.
Ele se envolvera quando tinha mais ou menos 20 anos com uma mulher 3 anos mais velha que ele e, baseado na "pessoa ideal", encontrou a peça que faltava em seu quebra-cabeça. Porém como todo bom relacionamento, como todo sonho agradável, esse romance terminou súbita e violentamente, deixando somente uma névoa de memórias, saudosismos, solidão e desespero. Com medo de amar novamente, entregou sua linha escarlate do destino a Deus-dará até segunda ordem, que era a morte ou alguma doença incurável que demoraria a chegar.
Para curar seu coração partido, ele o recompunha diariamente enquanto doso os outros definhavam.
A cada nova garota que ele se envolvia surgia um fragmento de si para inteira-lo. Ele mais se parecia como um cleptomaníaco de emoções. Um viciado sem volta.
Tinha elaborado cerca de 500 nomes falsos com vidas falasse tudo o mais falso. Usavam-nos constantemente com cada pessoa para que cada pessoa que ele se relacionava nunca o conseguisse encontrar e desaparecia como folhar de em uma árvore morta.
As garotas amavam o Jim que fora molestado pelo pai, um Carlos que era gerente de uma rede bancária qualquer, um Marvin que tinha cerca de 17 T.O.C.'s, um descendente de sangue de uma família de origem bárbara, um gari que anseava sr cantor 'revival' dos anos 80, um alienígena, um alcólatra escritor, qualquer pessoa menos ele mesmo. Coisa que somente uma pessoa soube.
Era regra dele mesmo nunca se apaixonar, telefonar ou pensar em ninguém após aquela noite que havia se envolvido com alguém. Mas, mesmo que ele tivesse estipulado essa norma, mesmo que seu coração tivesse sido partido de uma forma talvez irreparável, ele acabava se traindo nisso. Um dia era uma loura que trabalhava como secreta de uma sede da AIG, uma estudante de biologia marítima, uma que tinha dupla personalidade, uma ninfomaníaca que gostava de Furries, uma alcólatra... Mas ele sabia bem que sentia isso pois cada uma delas tinha, em certo ponto, particularidades semelhantes a pessoa que o havia enxotado e o fazer começar tudo aquilo.
Um dia ele entrou em uma boate qualquer em seu caminho e começou a bate papo com a primeira mulher viu em sua frente. Cabelos ruivos, olhos negros, baixa estatura usando uma bota de couro e trajando um vestido vermelho adornado em violeta. Ela se chamava J, de Jenny. Ele se chamava F, de Franz. Ela era supervisora de expedição e ele era um auxiliar administrativo. Ela era de áries e ele de escorpião. A banda predileta dela era Aerosmith e a dele era The White Stripes. Ela bebida Daikiri e ele Gin Fizz. Ela lia Ginsberg e adorava os filmes do Quentin Tarantino. Ele lia Rimbaud e amava os filmes do Stabley Kubrick. Ela gostava de lagartos e ele de girafas. Ela tinha 31 e ele 24.
Por essas e outras diferenças, acabaram em um motel. Ela gostava de Dog-Style e ele de ficar por baixo, mas isso não impediu de ambos gozarem exatamente no mesmo instante.
Ela fumava Camel e ele Lucky Strike, mas ambos permaneciam abraçados e soltando a fumaça ao mesmo tempo.
Eram diferentes, mas seu olhos eram os mesmos.
Eram os mesmos, somente com nomes falsos.
F e K eram eles mesmos.
Somente assim que caiu a ficha que ela era a garota que o tinha transformado naquilo... Mas pensou melhor e finalmente compreendeu. Eles apenas não estavam preparados para tudo o que se seguiria e seguiram rumos distintos. Ele escolheu uma vida de momentos e diversões para poder ocupar sua mente vazia e solitária, desacostumada com tudo aquilo e decidiu por a culpa nela para não julgar-se um cretino, escolheu como alibi culpar sua ex. Já ela tinha seguido seu caminho e vivido como bem queria, extremamente diferente do dele, mas percebeu o que finalmente perdera e queria voltar a sua vida igual a um VHS com o final reprisado de uma novela. Ambos havia errado em suas vidas, errado em suas decisões, em seus pensamentos e destinos mas ela preteriu por correr atrás dele de uma forma ou de outra, mesmo imaginando que todo o seu esforço resultaria no mais absoluto nada. Mas estavam frente a frente um ao outro nesse instante, compartilhando suas vidas falsas.
Passou-se 1 semana e eles voltaram se falar. Passou-se 1 mês e eles voltaram a namorar. Passou-se 1 ano e eles se casaram no pequeno casebre que dividiam, pensando seriamente em seus futuros.

O nome do homem ideal e da mulher perfeita permanecerá desconhecido pelo resto da eternidade. Guardado somente na mente desse escritos de terceira que voz relatou essa estória. Mas somente posso lhes afirmar que ambos estão felizes hoje em dia e serão dai por diante. Souberam esquecer suas mentiras e gritar seus nomes verdadeiros ao por-do-sol clamando por perdão ao nome dos corações quebrados enquanto milhares de corações feridos sangravam em seus sonhos belos e irrealizáveis.













Bom, reclamaram que eu não escrevia nada de novo, aí está então.

Ouvindo : Fat Boy Slim - Joker

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